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Consumo alimentar na Gestação


       Estudar consumo alimentar humano é algo muito complexo e torna-se ainda mais desafiador no período gestacional, momento caracterizado por inúmeras alterações fisiológicas, anatômicas, psicológicas e emocionais que podem interferir diretamente no consumo alimentar das gestantes.
     Na prática, observa-se que a maioria das gestantes alimenta-se inadequadamente, apresentando baixo consumo de fontes alimentares ricas em ferro, ácido fólico, vitamina C, vitaminas do complexo B; em especial a Vitamina B12, baixa ingestão hídrica e alto consumo de alimentos calóricos como as gorduras, refrigerantes, salgadinhos de pacote e doces. Vale destacar também, o consumo exagerado de sódio (sal) e alimentos industrializados.
    Diante disso, ressalta-se que o Nutricionista é um dos profissionais que devem estar presente no acompanhamento de pré-natal da gestante. Apesar deste profissional não compor o quadro básico de profissionais das Unidades de Saúde da Família, o Nutricionista encontra-se inserido no NASF (Núcleo de Apoio a Saúde da Família) e dentre as ações desenvolvidas neste núcleo, destaca-se o acompanhamento nutricional de gestantes.
      Esse acompanhamento Nutricional tem como objetivo principal, proporcionar uma gestação saudável, com adequado ganho de peso materno, sem intercorrências e/ou complicações para a mãe para e para o feto e permitir desenvolvimento adequado da criança.
      Cabe destacar que muitas gestantes têm dúvidas relacionadas principalmente ao ganho de peso nesse      período. Dentre as perguntas mais frequentes destaca-se: Posso Ganhar quantos Kg durante a gestação?          Essa pergunta deve ser respondida após realização de uma adequada antropometria e de um diagnóstico nutricional preciso.
       A OMS (Organização mundial de Saúde), recomenda o cálculo do ganho de peso gestacional baseado no PPG (peso pré gestacional). Caso a mulher inicie a gestação eutrófica, ela pode ganhar em média 11,5 Kg a 16 Kg, gestante com baixo peso, pode ganhar em torno de 12,5 Kg a 18 Kg, gestantes com sobrepeso, o ganho de peso fica em torno de 7Kg a 11,5 Kg e gestante obesa 7Kg ou mais. Enfatiza-se a necessidade do profissional de Nutrição realizar o cálculo das necessidades energéticas total da gestação, em seguida verificar o ganho de peso total, por trimestre e por semana gestacional.
     Outra pergunta que acontece com frequência é: Se estiver acima do peso, devo emagrecer? Essa questão precisa ser bem esclarecida no ato do acompanhamento nutricional, pois a gestação não é um período indicado para realizar dietas de emagrecimento, já que as reservas energéticas e nutricionais maternas são importantes para o crescimento e desenvolvimento do feto, alem de necessárias para o período da lactação, mesmo a mulher iniciando a gestação com sobrepeso e obesidade, ela deve ser orientada que não poderá perder peso nesse período, apenas controlar o ganho de peso, como discutido no parágrafo anterior.
       Na prática também, depara-se com o seguinte questionamento: Por que devo ter controle do meu ganho de peso? Sabe-se que o ganho de peso excessivo está associado a: necessidade de cesárea; recém nascido muito grande (macrossomia fetal), complicações na gestação (pré eclampsia, eclampsia, Diabetes gestacional).
         Por fim, orientar o consumo alimentar adequado na gestação é crucial para saúde materna e infantil. Há necessidade de enfatizar o aumento do consumo de alimentos fontes de vitamina B2 (responsável pela formação esquelética da criança), vitamina B6 (responsável pelo desenvolvimento motor da criança), ácido fólico e vitamina B12 (responsável pela formação do sistema nervoso central da criança), Ferro (evitar anemia na gestação). Orientar quanto à realização de seis refeições ao dia, ricas em: frutas, verduras, leite, carnes (peixes, carnes, aves), vegetais verdes escuros. De preferência de acordo com as necessidades a gestante poderá consumir uma vez na semana vísceras como fígado bovino, após almoço consumir uma fruta cítrica (laranja, abacaxi, limão), comer sempre aipim, batata doce, inhame banana da terra. Aumentar o consumo de água para dois a três litros ao dia, dar preferência aos alimentos assados, cozidos e grelhados, consumir peixe em torno de duas vezes na semana, reduzir consumo de açúcares, frituras. Evitar substituir almoço e jantar por lanches prontos, evitar consumo de refrigerantes, alimentos embutidos e industrializados e usar moderadamente o café.

Jerusa da Mota Santana
Nutricionista formada pela UFRB e Mestranda em Alimentos, Nutrição e Saúde pela UFBA

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